Wednesday, January 9, 2008

ACESSÓRIOS COM PERSONALIDADE

Quando a milionária norte-americana Leona Helmsley deixa em testamento 12 milhões de dólares em fundos de investimento ao seu cão “Trouble”, ou quando Paris Hilton lança uma colecção de moda para cães, perguntamo-nos se o cão é apenas o melhor amigo do homem.
Independentemente da resposta, aqui ficam algumas ideias.

Imagine então que, num dia qualquer da semana, ao seu Boxer coloca uma coleira de cetim azul-turquesa a condizer com a camisa de seda que escolheu vestir nesse dia, ou caso tenha um Yorkshire Terrier, porque é Inverno, veste-lhe um casaco de caxemira da mesma cor da sua carteira.
Retroceda ao sábado passado e lembre-se do que fez com o seu cão: a meio da manhã fizeram uma corrida no parque, depois almoçou numa esplanada e claro que não se esqueceu de levar consigo uma caixinha com ração gourmet para a sua fiel companheira. A seguir ao almoço… ah, sim, é verdade, levou a sua cachorrinha de 10 meses a um banho num spa perto de casa. Como ela se portou bem, ofereceu-lhe uma nova capa impermeável que até condiz com os seus sapatos Tod. À noite, foi jantar a casa de amigos acompanhada da “Gigi”, a cadelinha e a sua melhor amiga.
Esta pode nem ser a sua realidade mas é a de muitas mulheres espalhadas pelo mundo. Para elas é inquestionável a amizade de um bicho de estimação, e para muitas, mais do que isso, ter um cão é ter um filho com quem partilham os prazeres do dia-a-dia. Tal implica que, de Nova Iorque, a Paris e ao Japão, com estes “filhos” se faça moda e se siga a moda, ultrapassando o cão a fronteira do mundo animal.
Assim o confirma Jacqueline Haeflinger, 41 anos, produtora de eventos em Nova Iorque, para quem “Violet”, uma Boston Terrier de seis semanas, já faz parte da família. Jacqueline mima-a com brinquedos e roupas. “Como não tenho filhos “Violet” é como se fosse um. Faço tudo para a fazer feliz.”
Se no seu caso pessoal “Violet” não é um acessório de moda, Jacqueline não deixa de seguir a moda para cães, quanto mais não seja para o conforto deles. “Os Boston Terrier são uma raça que não se dá bem em baixas temperaturas por isso comprei-lhe quatro casacos e algumas camisolas. Vou comprar-lhe muitas mais roupas mas o próximo presente será uma bonita coleira com o nome dela.
Jacqueline remata dizendo que “Tendo a opção de escolha numa variedade de artigos, porque não brincar com a moda ainda que para cães?”.

Mas enquanto que um filho não se escolhe, a decisão por uma raça de cão é determinante. Os estilos de vida condicionam a opção por um Leão da Rodésia ou por um Basset e se a escolha do género está relacionada a factores de personalidade, decididamente, a moda pesa. E não só na raça - a utilização do cão como um acessório de moda é consensual, ainda que mais ou menos excêntrica.
Fabiana Masili, cantora brasileira de 29 anos, escolheu “Ludlow”, um Chihuahua, “porque é um cão inteligente e sociável. Por ser pequeno posso levá-lo para todo o lado, inclusivamente para os meus espectáculos”, justifica.
Fabiana, vigiava “Ludlow” no parque de cães à beira do rio Hudson, em Nova Iorque, quando acabou por confessar que o seu cão é ainda um acessório de moda. “Compro-lhe várias roupas que jogam comigo e quando vamos passear estamos combinando”. “Ludlow” tem ainda várias coleiras, trelas “e agora comprei-lhe uns sapatos”, exclama.
Pelas ruas da cidade passeiam-se carteiras Prada, sapatos Jimmy Choo, vestidos Jil Sander ou calças Calvin Klein, ao lado de Chihuahuas, Retrievers, Yorkshires, Bulldogs, ou Pugs. Tão simples como uma carteira de pregas poder combinar com um Sharpei ou um lenço Hermès condizer com o laço lilás num Poodle.
Os cães reflectem o estilo pessoal dos donos e portanto devem ser vestidos de acordo com esse gosto, conclusão tirada por Paris Hilton que a levou a lançar em 2007 uma linha de roupa e acessórios para cães, em parceria com a Little Lily, uma marca de lifestyle para animais.
A perspectiva do cão-filho ou cão-acessório está de tal forma assumida que marcas como Gucci, Coach e Louis Vuitton desenham acessórios para satisfazer os caprichos das donas e dos seus cães. Os próprios sites das marcas incluem uma secção “Pet”. Malas de transporte, coleiras e capotes são dos itens mais populares.
Em resposta a este fenómeno, na “Big Apple” proliferam as lojas para animais. Além das vulgares trelas e coleiras, encontram-se artigos que vão do casual ao mais elegante - camisolas de gola alta, ténis, saias de tule, sapatinhos de bailarina, ganchos e joalharia – os artigos estão disponíveis em vários tamanhos e para diferentes raças. Conforme os estilos e épocas do ano, os donos podem optar entre colecções como “De regresso à escola”, “Sol e Chuva” ou “Luxo”.
Aliás, Jacqueline Haeflinger e Fabiana Masili e, claro, Paris Hilton poderão ser perfeitamente umas das espectadoras da passerelle da “Pet Fashion Week New York”, uma das grandes montras mundiais que representa o que de melhor se faz na moda canina, em 2008 com edição em Tóquio, no Japão.
Em Nova Iorque nem sempre tem que haver uma razão para que fenómenos ou tendências nasçam mas um dado é certo, os cães parecem gostar de moda e de estar na moda – garantem as suas donas.
O cão é apenas o melhor amigo do homem?
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